De polícias a arguidos
Cinco detidos entre nove constituições de arguido é o resultado de mais uma operação policial, rotineira e igual a tantas outras não fora o caso de quatro dos detidos e sete dos arguidos serem agentes da Polícia de Segurança Pública. No sábado conhecerão as medidas de coação no Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa.

Um oficial (subcomissário), um chefe e dois agentes da PSP foram detidos na madrugada desta sexta-feira no culminar de uma operação de investigação por alegados crimes relacionados com segurança privada ilegal, tráfico de droga e posse ilegal de armas entre outros ilícitos. A estes três agentes da autoridade somou-se um civil.
Na operação foram também “apanhados” outros quatro sujeitos, dos quais três também agentes daquela corporação policial mas que apenas foram constituídos arguidos por "não estarem reunidos os pressupostos legais para a sua detenção".
Todos do Comando Metropolitano de Lisboa, os agentes quer os detidos quer os que apenas se viram constituídos arguidos, se encontram no ativo podendo vir a sofrer ainda no seio da corporação a processos disciplinares. Isso mesmo foi admitido pela PSP, pela voz do intendente Luís Elias, que tornou pública em conferência de imprensa a operação que conduziu à detenção dos polícias.
Tudo começou em março de 2010. A investigação ficou a cargo da Unidade Especial de Combate à Criminalidade Especialmente Violenta do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa.
A investigação levada a cabo permitiu à unidade de investigação reunir elementos e indícios de envolvimento das nove pessoas agora constituídas arguidas "em esquemas organizados de segurança privada ilegal, tráfico de droga e outros crimes” de acordo ainda com o porta-voz da PSP.
De idades compreendidas entre os 32 e os 47 anos, sabe-se que os indícios apontaram entre outros ilícitos para o de tráfico de droga, mas sobre este tema Luís Elias recusou-se a dar pormenores nem tão pouco a referir de que tipo de drogas se fala no processo.
A operação durou um ano sensivelmente e durante esse período a unidade cumpriu 19 mandados de busca a residências, quatro estabelecimentos de diversão noturna alguns deles podendo estar conotados com bares de alterne, e duas esquadras de polícia.
Para além das detenções da madrugada desta sexta-feira foram apreendidos cinco revolveres, quatro pistolas, três caçadeiras, três armas de alarme, uma arma de alarme adaptada, uma carabina, uma pressão de ar, cerca de 1.330 munições de diversos calibres, diversas armas brancas, equipamento de vigilância equipamento informático, oito viaturas, e cerca de 13.500 euros em numerário.
Para além de estarem indiciados por crimes relacionados com segurança privada ilegal, tráfico de droga e posse ilegal de armas, os arguidos poderão ainda ter de responder por crimes de devassa de vida privada e abuso de autoridade.
Serão presentes a juiz no Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa no primeiro interrogatório de arguido detido e aí conhecerão as medidas de coação que lhes serão impostas pelo juiz de Instrução Criminal.
A operação desta sexta-feira, se revela por um lado que o crime também pode ser praticados pelos agentes de autoridade, por outro, e isto mesmo foi realçado pelo porta-voz da PSP na conferência de imprensa, "vem comprovar a capacidade da PSP em identificar, denunciar e agir perante situações irregulares no interior da instituição".
RTP