O Ministério Público requereu hoje a abertura de um processo-crime por falsidade de testemunho no âmbito do julgamento de uma alegada rede de extorsão através da prestação de serviços de segurança em bares e discotecas, a decorrer no Seixal.
Na base deste processo, a decorrer no Tribunal do Seixal sob fortes medidas de segurança, e também conhecido como “máfia brasileira”, está uma acusação por associação criminosa que junta 24 arguidos, com a empresa de segurança privada Olho Vivo ao centro.
De acordo com o despacho da acusação, elementos desta rede terão “aproveitado a constituição da sociedade Olho Vivo para impor aos proprietários de estabelecimentos de diversão noturna serviços de segurança, criando um sentimento de insegurança e medo por forma a que os mesmos aceitassem a presença de vigilantes indicados por aqueles, a troco de quantias monetárias”.
As duas testemunhas da acusação ouvidas esta manhã negaram – como, de resto, fizeram as testemunhas ouvidas na segunda-feira – terem sido vítimas de extorsão.
O Tribunal ouviu em primeiro lugar o gerente de um bar na Costa da Caparica, em Almada, entre 2003 e março de 2010. A testemunha afirmou ter sido sempre o responsável pela contratação do pessoal da segurança para o espaço.
O homem confirmou ainda conhecer um dos arguidos – acusado, entre outros, de crimes de homicídio, segurança privada ilegal e sequestro – e também que recebeu uma proposta por parte de elementos da empresa Olho Vivo para a prestação de serviços de segurança. Negou, contudo, ter sofrido qualquer pressão ou coação.
Por considerar que este testemunho foi “substancialmente diferente”, estando até “em contradição” com o prestado na fase de inquérito, o MP requereu a abertura de um processo-crime por falsidade de testemunho.
Também a segunda testemunha, ouvida – algumas vezes com dificuldade e interferências – por videoconferência a partir do Tribunal de Almada, negou ter sido vítima de extorsão.
A audição de testemunhas prossegue hoje à tarde.
Diário Digital / Lusa